Foi assim que aprendi a receber e abraçar a vida. Com os braços bem abertos. Com um sorriso nos lábios. Mas nem sempre isso acontece. Fraquejo, como toda gente. E, por mais que não queira e não faça questão, tenho momentos em que tudo isso se evapora. A determinação cede e dá lugar ao medo, e a todas as incertezas que nunca imaginamos vir a ter, mas que fazem parte de nós, tanto quanto os próprios órgãos.
Ainda assim, todas as vezes em que fraquejei só fizeram de mim uma pessoa mais forte, porque se assim não o fosse, nunca me teria levantado. Queda após queda, dou por mim a emendar pedaços da minha conduta que até então pareciam corretos, claros e até bem lúcidos. Mas a vida faz-me perceber, tanto quanto o destino, que ambos são meus, ainda assim dependo deles.
E o que é a vida senão isto? Poderemos, ou seremos capazes de viver eternamente gratos por aquilo que somos? Conseguiremos ser constantemente felizes? Eu já acreditei que sim, mas as circunstâncias da vida têm-me mostrado o contrário. É preciso ser gentil, ser forte e, acima de tudo, sermos nós próprios e aprendermos a amar o que somos. A ambição de sermos aquilo que não somos pode matar-nos. Eu aprendi a domesticar a minha, e apenas querer ser alguém. Alguém que existe muito para além dos vossos olhares, mas que ainda assim depende deles.
O que somos, afinal, senão espelhos de um reflexo manipulado pela nossa própria imaginação? Reflexo esse, que não existe além dos nossos olhos. Espelho esse que se fosse real, já se tinha partido.
O que somos, para onde vamos e o que nos move são factos que determinam o propósito da nossa existência.
Sem comentários:
Enviar um comentário