Havia de ter sido um dia normal. E, para meu engano, eu desejava tê-lo tido muito antes de pensar que o viria a desejar. A aparente vulgaridade daquele dia rapidamente se transformou na permanência de um futuro incerto, nunca antes ambicionado.
E ainda hoje, passadas algumas centenas de anos, pergunto-me porque teria a vida de escolher-me para tal fado.
E ainda hoje, passadas algumas centenas de anos, pergunto-me porque teria a vida de escolher-me para tal fado.
É estranho. Porque ninguém sabe o que se encontra para além do "hoje". E por mais que se façam planos, que se tracem caminhos e se sonhem futuros, só a vida nos prepara, aos poucos, para o que realmente somos.
Até eu, que sonhava mais do que os outros. Até eu que planeava ao minuto a minha vida e guardava-a em gavetas devidamente organizadas. Até eu que lutava pelos meus sonhos... até a mim a vida alterou o rumo da história, aparentemente planeada.
A vida fez-me reformular todos os sonhos, alterar a cor de todas as gavetas e, principalmente, a vida ensinou-me que o passado não passa daquilo que a própria palavra define - passado.
Cada vez que olho para trás apercebo-me de como somos todos iguais - frágeis, vulneráveis e sobreviventes.
Porque basta que a vida queira, e tudo o que temos desaparece, como se nunca nos tivera pertencido.
Porque basta que a vida queira, e tudo o que temos desaparece, como se nunca nos tivera pertencido.
Hoje é assim que me sinto - uma moldura da própria vida.
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