segunda-feira, julho 26, 2010

Vendida

Vejo-me sozinha num reflexo intemporal de memorias atropeladas pelo poder de outrem.
Entrego-me de corpo e alma, deixo que me pintem como uma tela vazia. Deixo que me preencham com a vontade de cada um e no fim de tudo sou mirada como uma obra de arte fresca.
Porém, em menos do que eu previa, vi-me despejada numa «lixeira» de quadros vendidos, nas mãos de um milionário qualquer.


O cheiro a tinta gasta, a escuridão de cada dia, a luminosidade do ouro reluzente. Tudo fez de mim um acréscimo para a boémia de um Homem sem cérebro autentico. Em pouco tempo a minha sanidade perdeu-se por entre a luxuria e passei a ser mais um mono da antiguidade clássica, ainda que recente.

Eu, como todas as outras, fui apreciada, cobiçada, desejada mas ... comprada e depois ignorada como outra qualquer.

Deixei-me pintar a troco de nada.
Sinto-me velha.

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