quarta-feira, novembro 30, 2011

Desejada

Queria encontrar as palavras certas com que podesse descrever tudo o que estou a sentir neste preciso momento. Contudo, não encontro. Estas parecem gastas, desbotadas pelas lágrimas de alguém que caminha sem rumo com metade de um mapa antigo.
Para trás fica tudo o que nunca de mim fez parte. Comigo vai tudo aquilo que nunca fui e um pouco daquilo que ainda sou.

Trago comigo a recordação emotiva do momento mais feliz da minha vida:
"O dia estava chuvoso mas nem por isso cancelamos a tarde que combináramos já há bastante tempo. Esperei no sitio habitual - o do primeiro encontro.
O seu sorriso brilhava ao longe como o de uma criança a aproximar se de uma montra repleta de brinquedos. No entanto, há medida que se aproximava era como se se apercebesse de que a montra estava vazia - o olhar ficara vazio, até triste.
-O que foi? -a minha voz saiu rouca. Talvez temia pela resposta.
-Temos de conversar ... -o seu olhar desceu até aos meus pés enquanto as suas mãos caiam  sobre o corpo, derrotadas .
-Aconteceu alguma coisa? -perguntei perplexa e, simultâneamente, surpresa .
-Não. -fez-se uma breve pausa até retomar o discurso- mas está para acontecer.
Foi então que o sorriso voltou a brilhar e os braços dele rodearam-me com uma força explosiva. Antes de conseguir reagir os seus lábios esbarraram contra os meus. Quando, finalmente, ficamos sem ar nos pulmões, ele afastou o rosto do meu e olhou-me.
-Porque.. -as minhas palavras foram interrompidas novamente.
Cobriu-me a boca com uma das suas mãos e com a outra fez o sinal para que eu não falasse. Fiz o que ele pediu.
A sua mão deslizou pelo meu pescoço e fez o percurso das extremidades do meu rosto, como se me estivesse a medir a beleza. De seguida afastou-se de mim e levou um dos joelhos ao chão molhado.
-Não, olha .. -Queria dizer-lhe que se iria molhar mas o olhar sério daquele homem fez com que me calasse.
Um breve instante foi preenchido pelo silencio da chuva a cair e, enquanto eu ficava imóvel ele retirou do bolso uma caixinha minúscula e ergueu-a na minha direcção.
Não posso acreditar.
O meu coração disparou do peito e o ar faltou-me.
-Queres casar comigo ? -perguntou subtilmente enquanto o seu olhar brilhava muito mais do que qualquer outra coisa.
Não tive como reagir de outra forma - lancei me contra o seu corpo envolvendo-o com os braços e beijei-o com todas a minhas forças. Uma onde de alegria cobriu tudo em meu redor e deixei de sentir os pés no chão. Ficamos ali, abraçados e envolvidos pelos beijos de um amor que, aparentemente, tinha tudo para ser eterno."

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