sábado, junho 12, 2010

Vinte e três de Junho de 2010

(Sozinha)

Nestes últimos dias, pela primeira vez na minha vida, tenho sentido que os passos que dou não são certos e que tudo o que gira á minha volta já não me pertence. Eu, tal como tudo em meu redor, estou deserta, imunda, vazia e … parece que já nem respirar faz sentido.
O sol já nasceu novamente e eu continuo-o com os olhos pregados na fotografia em que ambos sorrimos felizes, nesse tempo em que tudo era perfeito demais para descermos á terra ,onde agora, me acho perdida.
A noite passou tão depressa! Porém, ainda me resta muito para recordar, pois tudo o que vivemos não pode ser relembrado numa noite, nem sei se o resto dos meus dias chegará para fazê-lo, mas enfim…
Reli as páginas deste diário vezes sem conta, a caixa das nossas fotografias está vazia e as fotos estão espalhadas pelo quarto tal como as penas da minha almofada. A consciência de que tudo acab… Não! Não consigo pensar na hipótese de … eu perdi-te? Não vais voltar?
Não quero saber o que vai acontecer de hoje em diante, vou agarrar-me ao passado com todas as minhas forças e vou ficar lá, viver lá… porque lá tu ainda existes.
Vou desenhar o teu nome na areia e vou esperar que o venhas apagar, vou escrever cartas e envia-las com a seguinte morada: “Rua dos anjos 1993, casa das estrelas” e vou esperar que respondas, vou colocar a tua almofada ao meu lado e esperar que te deites, vou sentar-me no banco onde ambos sorrimos e também vou comprar as tuas bolachas preferidas e vou deixa-las em cima da tua mesinha de cabeceira com o copo de leite de todas as manhãs. Ainda tenho o teu cheiro nos meus versos, as tuas palavras na minha pele e a tua imagem permanece intacta em tudo o que existe.
Sei de cor cada paço teu, sei cada significado do teu sorriso, do teu olhar, do teu abraço, até sei a simbologia de cada posição das tuas mãos!
Ficou tanta coisa por explicar, por dizer, por partilhar… acho que ainda te consigo ouvir.
A fotografia caiu ao chão e partiu-se quando soube o que realmente aconteceu, a moldura está desfeita em mil pedacinhos tal como o meu coração, vou reconstruir a moldura tal como a mim mesma, vou agarrar-me a tudo o que me resta de ti e vou escrever um livro com a nossa história. Esta vai ser a primeira página de um livro imenso! Quem disse que as melhores histórias têm necessariamente que começar pelo principio?

P.S “Prologo”


(Gota d’agua)

3 comentários:

  1. O texto está lindo...*.* está tão sentido, que me custa defini-lo, comentá-lo, caracterizá-lo sequer...:')

    Obrigado pelo teu comentário e sobretudo pela preocupação...neste momento sinto-me "no quarto escuro", mas vai passar, até porque eu não vou recusar o teu convite para ir ver o sol...

    Obrigado por me ajudares a sair de dentro de mim mesmo, está bastante frio aqui, precisava mesmo de sair daqui, de ver o sol...obrigado :')))

    Beijinho*

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  2. :o

    Bi, nem te diGo nada !

    QUE TEXTO MAIS QUE LINDOOOOOOOOO *.*

    ÉS LINDA poww ! Tji amo <3

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  3. Obrigado pela dedicação, cada vez mais chego à conclusão que não é o tempo de convivência nem a proximidade que nos fazem gostar ou sentir necessidade de acolher alguém...e tu és prova disso *.*

    Fico feliz por saber que não somos os únicos a valorizar a tua escrita, porque de facto ela é valiosa e cheia de sentido e emoção...escreves "de coração" e isso é o que realmente importa...

    Podes ter certeza que tudo o que eu escrevo, vem do coração sim, para mim só faz sentido se assim for...porque de outra forma não consigo escrever...

    Continua Bianca, continua porque de facto são precisas mais pessoas como tu no mundo, capazes de se darem a conhecer e de sentirem atraves de simples frases encadeadas que são o transparecer de uma vida...de uma alma...

    Aqui fica o sentimento sincero de um amigo, que apesar de não muito próximo te quer todo o bem... :')

    Beijinho*

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