Hoje, mais do que nunca, vou escrever-te.
Há muito tempo que não sentia algo parecido, há muito que não me faltava o ar e a terra, há muito que sonhava com este momento ainda que ingénuo e vulgar.
Esta vontade estúpida de escrever-te é uma mistura de favores inalterados pela cede de um reencontro.
E, ainda que saiba que não irás ler nem uma palavra aqui impressa, eu escrevo, muito mais do que eu quero mas muito menos do que preciso.
Hoje, eu não vejo limites estabelecidos para nada do que faço. Talvez me chamem louca ou não porque o faço mas é tudo o que necessito. E enquanto as mãos carregarem e o peito escrever com a alma nobre de um cavalo branco eu vou fazê-lo, sem qualquer preconceito.
As janelas estão fechadas, as portas trancadas e as camas despidas bem como a mim mesma.
Esta noite eu sou a Lua do meu próprio céu, aquele que eu pinto todas as noites em que me deito sozinha e te sinto comigo.
E sabes o que mais dói no meio de tudo isto?
É o paradoxo que vivo entre o mais e o menos - Quanto mais eu escrevo, menos dor eu sinto.
É por isto que a vida ainda me pertence pois caso contrário estaria longe.