sexta-feira, setembro 23, 2011

Sem rumo

Caminhamos de mãos dadas para um sitio sem morada. Prometemos unir as nossas vidas por uma só. Deixamos para trás um passado de derrotas e de mal entendidos.
Decidimos que juntos somos maiores e mais fortes do que o próprio destino. Não sabemos se o caminho é longo ou perigoso mas sabemos que não podemos desistir.
Levamos connosco poetas, pintores, artistas, pobres, ricos e doentes.
Até agora já foram os vários que desistiram, outros que perderam a vida a tentar. No entanto, demos a nossa palavra e só a vida vale mais do que isso.
-Falta muito mamã? -Exclamou a pequenina que varria as folhas do outono com o pequeno peluche enquanto caminhava de mão dada com a mãe.
A dona de casa baixou-se e, limpando o sorriso inocente do filho, sussurrou-lhe ao ouvido:
“Estás a ver aquela luz? ... quando ela descer até à colina, ali ao fundo, nós já teremos chegado .”

A criança não parou de sorrir e, mesmo sem perceber a explicação, continuou junto da mãe o caminho que, certamente, esta desejava fazer por ela.
Em poucos dias a esperança parecia ser a única fé e a angústia de um “caminho sem fim” tornava-se o pão de cada dia. As cabeças começaram a deixar de se erguer e os rostos, angustiados e apagados, começaram a apagar o horizonte que tinham desenhado.
“Cada vez somos menos.” – pensam uns.
“Nunca soubemos se isto ia dar certo” – pensam outros.
O que o Homem não sabe é que a vida é feita de incertezas e que , por mais forte e impotente que este pensa ser, mesmo unido, o Homem não pode lutar contra a sua própria natureza.

O homem forte não é aquele que se une para não cair, é aquele que se separa para evitar que os outros caíam com ele.

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