quinta-feira, setembro 30, 2010

Traída

Vivo na promessa de um regresso, aterrorizada pelo passado que, piedosamente,esmagou-me a memória. As lágrimas já se esgotaram de tanto que as usei e as unhas, essas nem as vejo.

Sinto no peito um vazio autentico, algo que não consigo descrever por muitas vezes que reflicta em algo que o defina.
O correio nunca mais voltou a colocar as cartas na caixa que eu mesma parti, e os lençóis ... esses, estão gastos, velhos e sujos á espera que tu voltes para muda-los.
E, ainda que perdidamente derrotada, eu sinto que a guerra ainda não terminou e, com ela, levará mais soldados como eu.
 Nunca me deras tanto tempo para pensar em algo assim...

 
Ainda te amo.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Na 1ª pessoa para o resto do mundo

"Carrego na memoria um peso de lembranças mal lavadas pela chuva de um tempo que cessa em passar. Brincam comigo as recordações de uma infância perdida, irritam-me as recordações de um passado inacabado e as promessas de um futuro que não chega. Não é a ambição de ser eterno mas a fraqueza de esperar por tanto. Eu sou assim, um poeta sem nome ... um anjo a quem partiram as asas mesmo antes de as criarem naquela tela branca á qual todos ousam chamar vida."
"Eu sempre quis ser tudo em toda a parte e nunca fui nada em lado algum."

sábado, setembro 25, 2010

Criança



Pediram-me que escrevesse algo realmente significativo para muitos, algo importante para poucos e quase nada para todos. Escrevi, escrevi, mas nada saiu como o previsto. Recolhi todos os erros de cada frase e juntei os num bloco de notas, fiz dele o meu dicionário de parvoíces e ao escrever através dele percebi que estava a fazer algo que nunca fizera antes.
Quando dei por terminado o pior trabalho de sempre, entreguei-o e esperei a respiração daquelas pessoas para embarcar na pressa de regressar a casa e esconder-me no arrependimento.
Nunca mais tive coragem de voltar àquele lugar para saber o quão errada eu tinha sido mas na minha memoria ficou que nem só o que é certo é que deve ser feito e que o erro de uns pode ser a mais valia de outros.
Não foi um feito histórico da minha infância nem coisa que se pareça mas é algo que caminha comigo, para o resto da vida.
*

sexta-feira, setembro 17, 2010

Palavras mudas

Percorremos as palavras sem saber bem o significado das mesmas e usamos as como se fossem enunciados perplexos quando por sua vez são o meio precioso ao qual recorremos, a maior parte das vezes, para transmitir o que sentimos.
Porém, existem sentimentos que as palavras não abrangem, e aí recorremos á linguagem universal-o gesto. É aí que as palavras se tornam mudas e dão lugar aos nobres gestos de quem sabe demonstrar.
Quando erguemos o olhar, quando sorrimos com os lábios e desenhamos com o rosto um quadro de nós próprios, porque somos aquilo sentimos, aquilo que sonhamos, aquilo que vivemos. Somos possuidores de uma subjectividade irresistível a todos os níveis, subjectividade essa que nos traça um caminho, que nos dá uma espada e nos faz lutar para toda a vida.

E a única coisa que nos faz iguais é a imortalidade.